sábado, 5 de abril de 2025

IPv6 em Datacenters – Parte 3

Publicado por Sysadmin Urbano | Infraestrutura, SysOps e DevOps

Um guia prático para quem vive na linha de frente da operação de sistemas.

IPv6 em Datacenters – Parte 3: Alta Disponibilidade, Failover e Continuidade

Adotar IPv6 em um ambiente corporativo não significa apenas substituir endereços. Significa repensar a forma como tratamos a disponibilidade de serviços. Nessa terceira parte, exploramos o uso do IPv6 em estruturas de alta disponibilidade (HA), focando em clusters, balanceadores, firewalls e testes de failover — sempre com um olhar técnico e prático.

🌐 Balanceadores e IPs flutuantes

Diferente do IPv4, no IPv6 não há NAT tradicional. Assim, o uso de endereços IPs globais diretos demanda novos cuidados.

  • Utilize VRRPv3 com ferramentas como keepalived, que suporta endereços IPv6 nativamente.
  • IP flutuante pode ser definido em /128 para vincular a apenas um nó por vez.
vrrp_instance VI_1 {
  state MASTER
  interface eth0
  virtual_router_id 50
  priority 100
  advert_int 1
  virtual_ipaddress {
    2001:db8::100/128
  }
}

🧱 HAProxy e NGINX com IPv6

Ambos suportam IPv6 diretamente e podem atuar como ponto único de entrada para clusters:

  • bind [::]:443 ssl para escutar em IPv6;
  • Backends podem ser definidos por IP ou DNS com registros AAAA;
  • Para failover ativo/passivo, combine com keepalived ou Pacemaker.

🔁 Clusters com IPv6

Banco de Dados (PostgreSQL, MariaDB)

  • Ambos suportam IPv6 nativamente;
  • Em postgresql.conf, use listen_addresses = '*' e valide que o sistema escuta em IPv6.
  • Utilize VIPs via Pacemaker para failover entre nós.

Servidores Web ou Aplicações

  • Usar DNS com TTL baixo para atualização rápida em falhas;
  • Considere IPv6-only para redes internas e dual-stack na borda.

🔐 Firewalls e segurança no failover

  • As regras devem permitir tráfego de anúncios de VRRPv3 (protocol 112);
  • Se usar nftables, crie conjuntos para os IPs flutuantes;
  • Evite regras fixas por interface: use por endereço, garantindo portabilidade entre nós.

🧪 Testes e observabilidade

  • Simule falhas desligando serviços e valide failover do VIP;
  • Use tcpdump -i eth0 ip6 and vrrp para analisar pacotes de failover;
  • Prometheus com blackbox_exporter permite pingar endpoints IPv6 e medir latência.

📌 Dica prática

Use scripts automáticos (Ansible, Bash) para verificar se o IP flutuante foi realocado após falha. Uma simples checagem com ip -6 addr já mostra a transição.

🔚 Conclusão

Alta disponibilidade com IPv6 é um passo além da adaptação de endereços. Envolve um novo entendimento da conectividade direta, da ausência de NAT e da transparência de rede. Com testes adequados e validação, seu datacenter pode ter um ambiente resiliente, moderno e alinhado com o futuro da internet.

Nenhum comentário:

Postar um comentário